Salvando gatinho recém nascido

Ontem, mamãe esteve ocupada com outro gatinho... Uma vizinha resgatou um gatinho bebê e pediu ajuda para minha mãe porque não sabia como cuidar. Achei oportuno deixar aqui algumas dicas, para quem tiver o mesmo problema. Nunca se sabe, né...

Bom, antes de tudo, a pessoa que salvar um gatinho tem é que levá-lo a um vet com máximo de urgência para que um profissional possa examiná-lo e estimar a sua idade para poder orientar quanto aos cuidados com ele. Mas, enquanto isso, pode-se tomar algumas providências para que o bebê possa sobreviver sem os cuidados da mamãe-gata. Estimar a idade do gatinho é a primeira providência, caso não possa levá-lo imediatamente ao vet. Os gatinhos recém-nascidos têm os olhinhos fechados, só abrindo por volta de 10 dias de vida. Os dentes de leite começam a nascer por volta de 2 semanas, mas só iniciam o desmame a partir da terceira semana, e até que possam comer comidinha por si só são extremamente frágeis requerendo muitos cuidados. Existe um site com várias orientações valiosas sobre esses cuidados, é o Beco dos Gatos, mas vou colocar aqui algumas dicas de modo bem resumido.

1) Mantê-lo aquecido. Os gatos são por natureza friolentos, mas no caso de recém-nascidos, é muito importante mantê-los aquecidos pois o seu corpinho não consegue gerar energia para se aquecer espontaneamente. Faça uma bolsa de água quente (uma garrafa pet bem fechada também serve) mas com temperatura não muito elevada; embrulhe bem para não assar o bichaninho e coloque junto dele, trocando a água antes que esfrie muito. Quem tiver um cobertor elétrico, pode colocar também, regulando a temperatura para um valor não muito elevado.

2) Bichinho de pelúcia. Os gatinhos recém nascidos costumam ficar o tempo todo na companhia dos seus irmãozinhos mesmo quando a mãe se ausenta. Essa companhia é muito importante tanto para se aquecerem entre si como para não se sentirem abandonados e inseguros. Um boneco de pelúcia pode substituir a presença dos irmãos.

3) Cama macia. Providencie uma caixa de papelão (dependendo da idade do gatinho, pode ser uma caixa de sapatos - não lhe dê uma caixa muito grande, só o suficiente para acomodar o gatinho, a bolsa de água quente e bichinho de pelúcia), forre o fundo com bastante jornal velho e cubra com uma manta, toalha felpuda ou blusa de lã velha. Troque com alguma frequência pois ele pode sujar e mamãe gata não vai estar ali para limpar.

4) Alimentação. O leite de vaca não é igual ao leite da gata; os gatinhos podem ter diarréia se der leite de vaca puro, pois digerem mal a lactose. O ideal é dar leite próprio que se vende nos pet shops, mas se não tiver, pode-se dar um sucedâneo preparado em casa mesmo. Uma receita que mamãe achou na net e que tem dado certo para ela está neste site (SOS Gatinhos) reproduzida abaixo:

. 1 copo de leite integral de caixinha
. 1 copo de água fervida, filtrada ou mineral
. 2 colheres de sopa de farinha láctea
. 1 gema de ovo cozida e amassada com o garfo, sem a clara (clara faz mal para o bebê gatinho)
. 1 colher de chá de mel

Misture tudo, bata no liquidificador e coloque numa vasilha de vidro lacrada. Guarde na geladeira e na hora de alimentar o bebê gatinho retire só a quantidade necessária. Esta receita serve para até 3 dias. Depois disso precisa fazer uma nova. É prático, saudável e barato. O leitinho caseiro pode ser administrado por meio de conta-gotas ou mesmo seringas de 3 ml sem a agulha. Pode dar para o nenê gatinho muitas vezes ao dia, pq nas mamães eles mamam a toda hora.

Ah! e dê morno, pois a temperatura do corpo da mamãe-gata é cerca de 38C. E tome cuidado para não engasgar o gatinho! Mantenha o corpo do bebê na posição horizontal (é assim que ele mama na mãe) ou na vertical mas com cabeça na posição natural, ou ele vai se engasgar. Uma boa foto de como posicionar o bebê vc encontra no mesmo site citado acima. Uma mamadeira própria seria o ideal para dar de mamar, mas se for usar outra coisa, prefira o conta-gotas. Também soube de alguém que usou o frasco de adoçante bem lavado com sucesso.

A comidinha sólida só depois de 4 semanas de idade, mas o processo de desmame pode ser iniciado com 3 semanas. Compre uma BOA ração para gatos filhotes (as melhores marcas são da Royal Canin, Guabi e Hills; as rações da Purina também são razoáveis; evite as vendidas a granel ou muito baratas!) e faça papinha com ela, umedecida com caldo de frango, carne ou peixe (cozido somente com água e um nada de sal) ou água morna. No começo ele vai estranhar e ou fazer bagunça, mas logo acostuma :) Aos poucos aumente a consistência da papinha, pois com 1,5 meses ele já estará mastigando a ração seca mesmo. Quanto à água, os gatos são bem econômicos nesse item e não têm o hábito de beber nas refeições. Deixe uma vasilha com água sempre limpa e fresca (troque no mínimo a cada 24 horas) para que o filhotinho possa beber à vontade quando sentir sede.

5) Evacuação. Item muito importante! os gatinhos bebês nascem sem saber defecar por sua conta, a mamãe-gata tem que estimular lambendo os filhotes após cada mamada para que eles evacuem. Depois que mamou, a mamãe-humana pode simular a mãe-gata fazendo massagem bem suave na barriguinha do bebê, do tórax para baixo-ventre com os polegares ou com chumaço de algodão umedecido com água morna; fique preparada com pano úmido para limpar o cocozinho e xixi que sair, ok? Depois de cerca de 3 semanas de vida, quando o bebê já começa a explorar o ambiente, pode-se providenciar uma caixinha de areia para ele ensaiar o uso do banheirinho. Uma bandeja rasa de plástico com granulado sanitário (compra-se nos pet shops também) ou farinha de mandioca crua serve muito bem de banheiro de gatinho. Geralmente não há necessidade de ensinar, porque gatos têm o instinto natural de enterrar as suas cacas, mas se o seu gatinho ficar "na dúvida" coloque um caquinho do seu cocô dentro da bandeja; o cheiro será o bastante para ele entender o que fazer. Só coloque a caixinha longe da comida e água e num lugar reservado e calmo pois nós gatos somos extremamente limpos e detestamos misturar banheiro com mesa de refeição, além de gostarmos de privacidade e muita tranquilidade quando usamos o banheiro.

6) MUITO AMOR!!! Gatinhos órfãos sentem muita falta da mamãe e irmãozinhos! Faça-lhe companhia o mais que puder. Quanto mais for abraçado e acarinhado mais forte e alegre ele crescerá. Esse primeiro contato com humanos é determinante tanto para a sua saúde como para a formação da sua personalidade. AH! E não se preocupe com seus ronrons, esse motorzinho é acionado quando gatos se sentem felizes e confortáveis e não tem nada a ver com asma ou bronquite! Tem gente que acha que gatos transmitem asma, isso é crendice sem fundamento, ok? A minha mãe humana teve bronquite asmática quando criança, mas nem por isso ela deixou de ter seus gatinhos desde pequena. E ela se curou da tosse quando se mudou para uma casa mais arejada e não por se separar dos seus animaizinhos.

7) Vacinação. Mesmo que vc não queira ficar com o gatinho que resgatou, é importantíssimo que ele seja vacinado no tempo certo. Prefira a "quádrupla" que protege o gatinho contra Panleucopenia (fatal se pegar), Rinotraqueíte, Calicivirose e Clamidiose. A "tripla" não o protege contra a clamidiose que, apesar de não ser doença fatal para o bichaninho, é uma zoonose (doença transmissível aos humanos). E a "quíntupla" inclui, além das doenças citadas, a Leucemia Felina, uma doença fatal mas que só se pega se o gatinho entrar em contato direto com outro gato infectado, e a vacina pode provocar câncer no local da aplicação. (Por isso, eu nunca tomei a quintupla, só a quadrupla...) O esquema de vacinação é 1ª dose aos 2 meses e 2ª dose aos 3 meses (ou 30 dias após a 1ª). Algumas requerem uma 3ª dose aos 90 dias. A partir daí, é necessário dose de reforço uma vez ao ano. Embora minha mãe pense que seja desnecessário hoje em dia para gatos criados estritamente dentro de casa (pois a doença só é transmitida pela saliva de um outro animal doente), a lei obriga a vacinação anual contra a Raiva também, uma vacina à parte. A primeira vacina é dada aos 6 meses (tem gente que recomenda aos 5 meses ou até aos 4 meses) e reforços são anuais.

8) Vermifugação. Se nossa mamãe-gata não era vermifugada, nós gatinhos costumamos herdar vermes entéricos dela, nascendo já contaminados. Ou, se nós somos resgatados depois do desmame, podemos ter sido contaminados com alimentos que ingerimos por aí. Assim, para que possamos crescer sadios, é muito importante que sejamos desverminados assim que nós atingimos idade para suportar tomar vermífugos. A idade mínima para uma vermifugação segura é de 30 dias de vida, e dependendo do estilo de vida do gatinho, ele deve ser tratado com regularidade a cada 4-6 meses. Consulte o veterinário.

9) Castração. Vc resgatou um gatinho! Parabéns, e muito obrigata por esse gesto de piedade e amor! Agora, pense comigo: por que esse gatinho estava abandonado? Alguém não castrou a mamãe-gata (e os papais-gatos) e deixou que ela ficasse grávida. Se vc não castrar esse gatinho que acabou de resgatar, um dia (muito em breve!) ele vai ficar adulto, e vai continuar com esse círculo vicioso atroz que é deixar que nasçam mais gatinhos que podem também ser abandonados, e que vão gerar mais gatinhos...! Por favor, converse com o seu vet e castre esse gatinho! A castração só traz benefícios para ele e para toda a população atual e futura de felinos, e para os humanos também! Se o preço da operação for salgado, chore e pechinche pois os vets quase sempre dão descontos ou parcelam o pagamento. Dependendo do lugar onde vive, as prefeituras também fazem campanhas de castração gratuita, informe-se. Tanto fêmeas como machos podem e devem ser castrados a partir dos 4 meses de idade, e quanto mais cedo for a operação, melhor será para a sua saúde. A mamãe inclusive escreveu dois posts sobre esse assunto, dá uma olhada aqui e aqui :)